O Conforto Desconfortável

O conforto desconfortável
Quando fui convidada a escrever textos para esse site, achei uma idéia incrível, era uma forma de falar sobre temas atuais e atingir um público importante. Logo fiz uma lista de todos os assunto que gostaria de tratar e me programei, ansiosa, para começar a escrever.
Foi ai que me deparei com a folha em branco, uma lista grande e uma incapacidade de sair da primeira linha. Minha primeira reação foi de pânico seguida por uma certeza de que iria desistir, agradecer a oportunidade e dizer que esse tipo de trabalho não faz parte do meu escopo. Mas o próximo pensamento foi de que eu estava muito feliz com essa nova oportunidade e realmente gostaria de atingir esse público importante com temas atuais.
Por que então, a folha em branco havia me intimidado tanto? A resposta veio um tempo depois: por que esse folha em branco me tirava da minha zona de conforto. Sou psicologa clínica, e apesar de não haver uma rotina nessa profissão, o consultório e a minha atuação representam uma zona bastante confortável para mim nesse momento. Eu estava buscando novos desafios, mas quando finalmente apareceram, vieram acompanhados do medo do desconhecido.
Como seres humanos, nós somos muito apegados a certas coisas, pessoas e situações, mesmo que nem sempre isso nos faça bem. O que nos faz sermos apegados, é justamente o medo de não sabermos lidar com o desconhecido. Muitas vezes, nos mantemos no (des)conforto por já conhecê-lo, e não queremos arriscar uma mudança que nos leva ao desconhecido e obscuro, mesmo quando a mudança parece ser boa. Esse ciclo, pode inclusive durar muitos anos, variando entre a vontade de mudar e o medo do que pode estar além da mudança.
Como podemos perceber que estamos dentro da zona de conforto? Geralmente ela vem acompanhada de um sentimento de estagnação, desmotivação, estresse, além de uma auto crítica paralisante e uma estagnação ou declínio na carreira ou vida pessoal. Todos esses comportamentos são justificados em uma necessidade frequente de se desculpar. Pode parecer ruim, mas ainda assim nos sentimentos em segurança e no controle, o que dificulta avançar essa barreira.
Mas então, o que está além do conforto? O gráfico abaixo explica a linha de crescimento após decidirmos nos aventurar no desconhecido.

Apesar de ser retratado como uma linha, esse não precisa ser um processo linear, não necessariamente seguimos fase após fase, e podemos transitar por um tempo entre a zona de conforto e a zona do medo. Mas a partir do momento que ultrapassamos a zona do medo e entramos na zona de aprendizagem, dificilmente voltaremos a ser quem éramos antes, considerando que todo aprendizado é válido, significativo e transformador. Nos mover sentido ao crescimento nos traz benefícios relacionais, profissionais, físicos, cognitivos e emocionais, perceptíveis no dia a dia.
O movimento inicial é dar atenção àquela necessidade de mudança e ao sentimento de inquietude que te faz questionar o seu status atual, em seguida é preciso assumir alguns riscos em direção a mudança, pequenas ou grandes atitudes que te aproximem de onde quer chegar. A partir do primeiro risco assumido, a zona de conforto já está alterada e o processo de mudança já começou.
Dar o primeiro passo é muito importante, e quando você analisar o seu processo, a sua folha em branco também estará preenchida e outras barreiras estarão prontas para serem rompidas.
Se quiser saber mais, seguem as dicas:
Livro: O poder do hábito – Charles Duhigg
TED TALKS: The little risks you take to increase your luck – Tina Seelig